quinta-feira, 31 de março de 2011

era sete horas, eu estava chegando em casa. minha virilha estava assada, coçava muito.
eu tinha comprado cuecas apertadas demais. essas coisas põe o cara louco. cuecas apertadas, espinhas, voto obrigatório, café de velório, sorrir, pedir por favor...
tinha 39 anos e ainda não sabia o tamanho das minhas bolas. não ficava olhando muito para elas. cheguei em casa e abri a porta, como todos fazemos. olhei marli na pia, fumando. marli sempre fumava na pia. nunca entendi o porque e nunca perguntei também. existem coisas que não precisam ser ditas nem comentadas.
- olá luca.
- olá marli.
segui ao banheiro e tirei a cueca. estava em carne viva. deus do céu. que horror.
fiz o que tinha que fazer e tomei um café com conhaque. para aquecer o motor.
- temos que pagar o aluguel luca. - estávamos nos falando pouco, marli e eu. e quando nos falávamos ela sempre escolhia os piores assuntos.
- eu sei.
- não parece.
- muitas coisas não parecem ser o que é.
- como o que espertinho?
- como heroína. todos os que usam dizem que é ótimo, e quando vê cozinho o cara por dentro.
- pare de ser ridículo. estou falando sério.
- eu também marli.
bebi outro copo. esqueci do café.
- vamos fazer o seguinte. vamos no bar do magal, tomar umas cervejas, e voltar as quatro da manhã. faz tempo que não rimos. rir faz bem. dizem isso na tv a todo momento.
falavam muitas coisas na tv. um dia isso talvez acabe. alguém um dia vai parar de explodir prédios, tanques, aviões e vai começar a explodir as coisas certas. emissoras de tv, de rádio, servidores de internet, o gabinete da presidente.
- que rir o que! não aguento mais suas cenas de bêbado luca. você é um fracassado que só faz beber e brigar.
- é o meu dom. todos temos um.
aquilo não ia dar em nada. achei por bem sair e farrear por conta.

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